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Foto do escritorMariele Cardoso

Acessibilidade: uma luta incansável por um direito ignorado

“O mundo precisa se adequar ao PCD, não o PCD se adequar ao mundo”, afirma a fisioterapeuta Ana Aguiar

A falta de inclusão é uma questão pouco debatida e uma luta contínua no país, que tem se intensificado ao longo dos anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 18,6 milhões de pessoas com deficiência, sendo 8,9% da população na faixa etária dos dois ou mais anos de idade. Ana Luiza Souza da Fonseca, de 16 anos, faz parte dessa porcentagem. “O que dificulta no meu dia a dia é a falta de locomoção adequada que atrapalha em meu andar e, além disso, os centros de atendimentos como fisioterapias, ficam em cidades muito longe, me impossibilitando de seguir com meus tratamentos. É totalmente fora de mão para mim”, relata a jovem. Ana Luiza ainda ressalta que a acessibilidade deve parar de ser um desafio e começar a ser um direito.

Esse conflito atinge até mesmo a área educacional. Geovana Baron, professora auxiliar na Educação Infantil, comenta sobre o despreparo entre os profissionais da educação. “Vejo que ainda existe precariedade na parte de acessibilidade. Muitos professores não são capacitados para atender crianças transtorno do espectro autista (TEA), por exemplo. Esses educadores deveriam passar por um treinamento, mas é algo que não acontece”, diz Geovana. Ela ainda complementa que essa falta de instrução não cabe somente a crianças TEA, mas, também, a cegas e mudas, com os quais os professores têm total despreparo em meio a grandes turmas. Ana Luiza conta que já foi recusada em colégios por conta de sua deficiência física, onde pedagogos não tinham o devido preparo para compreender suas limitações.


FISIOTERAPEUTAS E SEU PAPEL NA ACESSIBILIDADE 

Profissionais da saúde também possuem um papel importante nesse dilema, pois trabalham e convivem diariamente com Pessoas com Deficiências (PCDs). A fisioterapeuta Ana Aguiar aponta algumas questões sobre a falta de acessibilidade e como essas poucas pessoas possuem acesso a uma boa qualidade de vida. “A falta de acessibilidade nos locais com certeza é um problema. Muitas vezes, eles não conseguem ter acesso ao serviço de saúde por conta do transporte público, das ruas mal projetadas e até mesmo a unidade em que eles vão e acabam optando pelo atendimento domiciliar que tem um custo que acaba sendo mais caro, e na verdade, a acessibilidade tem um custo mais elevado no Brasil”, explica.

A fisioterapeuta salienta que algumas pessoas amputadas de baixa renda podem enfrentar dificuldades para obter uma cadeira de rodas personalizada devido aos custos elevados. Ela observou que, em alguns casos, essas pessoas acabam utilizando cadeiras de rodas anteriormente utilizadas por pessoas da família, pois para conseguir um  equipamento apropriado exige todo um planejamento e cálculos financeiros específicos para cada indivíduo. “As empresas privadas e públicas podem e devem construir locais com a infraestrutura adequada com rampas, elevadores, banheiros adaptados. Veículos adaptados com leis que regulamentem rigorosamente o direito do PCD. Além de promover a utilização da linguagem brasileira de sinais para todos, o mundo precisa se adequar ao PCD, não o PCD se adequar ao mundo”, afirma.

Ana Aguiar ressalta que, muitas vezes, os próprios pacientes possuem preconceito com a sua deficiência. “Acredito que isso acaba prejudicando muito a saúde mental dessas pessoas e, pela falta de informação, acabam restringindo as atividades sociais, se excluindo socialmente e tendo problemas como baixa autoestima. Sabemos que é importante que tenhamos o lazer, é direito do indivíduo, mas a PCD possui limitações que o meio precisa se adequar a elas”, finaliza Ana Aguiar.


OLHARES DO PRECONCEITO

A discriminação é proibida por lei pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015) e pela própria Constituição Federal. Hoje, muitas pessoas vão contra essa lei, e acabam prejudicando verbalmente, fisicamente e mentalmente os PCDs. A jovem Ana Luiza diz que já sofreu bullying e é contra a desigualdade, apoiando maior inclusão. A estudante ressalta que, no Brasil, as pessoas com deficiência enfrentam silêncio constante. Sobre as principais melhorias necessárias para promover mais inclusão no país, ela afirma que:

“Deve ter mais respeito e menos desigualdade, nossos direitos não são benefícios, possuímos nossas limitações e queremos ser respeitados. Parem com esse preconceito, os olhares e a forma como nos destratam, não somos ‘bichinhos’ para olharem com pena. Somos todos iguais!”.

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25 comentarios


Wenderson Wenderson
Wenderson Wenderson
19 jun

Muito bom.


Isso deveria ser levado mais a sério pelo estado e pelas pessoas

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Cauã
Cauã
19 jun

Parabéns a autora, sempre bom saber que tem pessoas que escrevem sobre esses problemas que a maioria finge esquecimento, esse é um assunto que tem q ser tratado com urgência e extrema importância.

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Valdirene Saraiva
Valdirene Saraiva
19 jun

Ocupar espaços e reinvindica-los. Parabéns.

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Yan Conti
Yan Conti
19 jun

Nesse mundo globalizado a acessibilidade é algo essencial sendo um tema de extrema importância temos sempre que levantar questões sobre o assunto e buscar sempre melhorias ótima matéria parabéns

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Yan Conti
Yan Conti
19 jun

Meus parabéns a autora matéria muito bem estruturada visando um problema real que afeta muitos nos dias de hoje

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