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  • Kauã Lima

Cascavel: empreender nas ruas é vencer a descrença

Quase 2 milhões de pessoas trabalham de maneira informal no Estado do Paraná

Empreender nas ruas pode ser um formato de negócio muitas vezes visto como falta de oportunidade. Contudo, para outros, é a chance ideal para começar o seu próprio império. Entre 200 milhões de brasileiros, mais de 38 milhões trabalham de maneira informal, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Somente no Paraná, são quase 2 milhões de trabalhadores informais, representando cerca de 30% da força de trabalho do estado. Concomitantemente a essa realidade, o município de Cascavel, no oeste paranaense, tem apenas 22 mil Microempreendedores Individuais (MEIs) ativos no sistema da prefeitura.

João Victor Ferreira, de apenas 12 anos, é vendedor ambulante nas ruas de Cascavel. O garoto vende materiais de limpeza, doces e outros produtos para ajudar no sustento da família.

"Algumas empresas não me aceitam porque sou novo. Mesmo assim, vendo na rua para complementar a renda de casa”, explica João.

O menino não possui emprego formal devido à proteção garantida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). De acordo com o artigo 60 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, é proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos, exceto na condição de aprendiz.

Com essa forma de trabalho crescendo, a cidade de Cascavel conta com o programa Bike Legal, oferecendo as bike trucks – bicicletas com uma estrutura acoplada para carregar produtos – que servem como veículo e local de comércio para os vendedores ambulantes da cidade. Para ter acesso ao programa, o empreendedor precisa apresentar documento pessoal, comprovante de residência, comprovação de renda, entre outros detalhes.

A cidade também possui a Estação Social, ou as conhecidas “banquinhas”, que ficam em todos os terminais de Cascavel. No ambiente, são vendidos doces, refrigerantes, salgados e outros produtos.

Elisângela Nascimento, de 38 anos, trabalha no Terminal Oeste há dois anos e meio, vendendo seus produtos desde o início da manhã. A vendedora chega cedo e serve café para os passageiros que chegam ao local e vão trabalhar.

“Eu acordo cedinho e venho, trago os meus doces, salgados e os vendo. Amo esse local. Já trabalhei como CLT, mas não consigo ficar presa, gosto do povo, dessa barulheira”, relata Elisângela.

Mesmo com todos os desafios, os ambulantes persistem, apesar do tempo frio, calor e chuvas. Um dos aspectos dos empreendedores de rua é a diversidade de seus negócios: desde vendedores de obras de arte e comida, até negócios de grande repercussão, como, por exemplo, as empresas Borda e Lenha, Chili Beans e China in Box.


Evolução empresarial

Um empreendedor que começou pequeno e conquistou o sucesso foi o empresário José Carlos Semenzato. O milionário é atualmente presidente da SMZTO, uma holding de franquias que ele fundou.

Com 13 anos, Semenzato ia para a igreja junto com sua família. A caminhada era longa e demorava cerca de 3 horas. Após a iniciativa da mãe, o menino começou o seu negócio vendendo coxinhas na periferia de Lins, em São Paulo. Depois de muito trabalho, conseguiu comprar um Fusca para a família.

“Aos 13 anos, eu entendi que o trabalho e o dinheiro podiam transformar minha vida, transformar minha família. Começamos a ir para a igreja de Fusca e não íamos mais a pé. Eu vendia três cestos de salgados, que eram em média 600 salgados em meio período, eu fazia três viagens”, conta Semenzato em um podcast no YouTube.

O empreendedorismo de rua vai muito além de vender produtos ou serviços. É a possibilidade criada pelos microempreendedores que buscam o sucesso através da força de vontade e do esforço diários.


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