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Cigarro eletrônico: usuários tendem a ter câncer até 20 anos mais jovens, afirma pneumologista

Popularização do aparelho entre jovens e adolescentes preocupa sociedades médicas. Escrito por: Ana Cecília Muxfeldt e Krisagon Murilo


Não é uma tarefa difícil encontrá-los. Basta olhar para os lados, nas ruas, bares, baladas e rodas de conversa. Os cigarros eletrônicos estão por toda parte e, cada vez mais, tem se tornado comum deparar-se com usuários desses aparelhos.

Apesar de existirem desde 2003, o uso dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEF) - também conhecidos como cigarros eletrônicos, vaper, pod, e-cigarette, entre outros - se popularizou somente nos últimos anos aqui no Brasil. Esse mercado atende mais de 2,2 milhões de adultos no país, segundo uma pesquisa realizada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), em 2022.

Ainda que a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar sejam muito popularizadas no país, elas são proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde agosto de 2009. Essa medida é baseada, no princípio da precaução, devido à falta de estudos científicos que comprovem os prejuízos relacionados a esses produtos. Portanto, “dá para se dizer que todo mundo que consome o cigarro eletrônico aqui no Brasil, de certa forma, acaba sendo um contraventor”, declara o pneumologista Dr. Vinícius Guerra.

Mesmo não sendo regulamentado, ele é vendido livremente no país, o que aumenta os riscos aos usuários. Já que, por não serem legalizados, não há uma devida fiscalização e controle das substâncias utilizadas nesses dispositivos - são cerca de 2 mil componentes presentes, muitos deles que não são anunciados pelos fabricantes, tornando-se assim imensurável a dimensão dos potenciais riscos do consumo.

 

Popularização e reflexos à saúde

Fumar cigarros eletrônicos tornou-se tendência, majoritariamente, entre os jovens. De acordo com o pneumologista, “a população que a indústria tenta seduzir é uma população não-fumante, como se fosse um novo público. Ele - cigarro eletrônico - não está sendo destinado para pacientes fumantes e sim, para os novos usuários. Tanto é que é muito popular entre os jovens, até crianças e adolescentes. E isso se reflete nos consultórios”, enaltece Dr. Vinícius Guerra.

O hábito, inclusive, muitas vezes, não é apenas eventual, e depois da primeira tragada pode se tornar um vício frequente na vida desses usuários. A longo prazo ainda não há estudos sobre o assunto, então não se sabe todos os potenciais riscos que pode causar. Contudo, “pesquisas já comprovam que a curto prazo os pacientes que fumam têm um risco de neoplasia associado a esse consumo, adoecendo de forma precoce - tendem a ter câncer até 20 anos mais jovem”. Assim, “essa crença de que os cigarros eletrônicos são seguros fica completamente refutada”, completa o especialista.

Uma vez que a situação começa a trazer problemas à saúde dos usuários, a preocupação em relação às sociedades médicas também se torna evidente.

Em virtude da utilização dos vaporizadores ou produtos de tabaco aquecido, os reflexos já são observados em pacientes jovens, como é o caso da estudante Maria Vitória de Oliveira, 20, que além do cigarro eletrônico também faz uso do narguilé há mais de cinco anos e já apresentou problemas de saúde. “Eu tive problemas na garganta. Os sintomas começaram a aparecer em 2021 como uma dor um pouco mais forte”. Além disso, com um histórico familiar de taquicardia, Maria relata que procurou por atendimento médico apenas quando a situação se tornou recorrente.

“O que me fez realmente ir atrás de ajuda foi quando começou a me deixar sem voz”.

A estudante passou por um tratamento com antibióticos por 90 dias e, até então, não teve mais problemas.

Assim como o caso de Maria Vitória, uma outra jovem, de 19 anos, que preferiu não se identificar,  relatou ter tido problemas em decorrência do uso do “vape” - que faz uso há três anos. Com muitas dores frequentes de garganta, ela também precisou usar antibióticos. Mesmo depois do fim dos tratamentos e sabendo dos riscos, ambas as acadêmicas não pararam de fumar. 

Muitos acreditam que os cigarros eletrônicos são menos nocivos do que os cigarros comuns, no entanto, não se pode afirmar que o cigarro convencional é pior que o cigarro eletrônico, ou vice-versa, porque a gente ainda não tem todos esses dados dos riscos a longo prazo. "O fato é que os dois são prejudiciais", conclui Dr. Vinícius Guerra.

Entretanto, estudos do Inca (Instituto Nacional de Câncer) mostram que os DEFs  podem ser tão prejudiciais quanto o cigarro tradicional, em níveis de toxicidade, pois combinam substâncias tóxicas - metais pesados, como chumbo, ferro e níquel - com outras que podem apenas mascarar os danos, tanto a curto quanto a longo prazo.

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1 commentaire


Ana Cecilia Muxfeldt Czornobai
Ana Cecilia Muxfeldt Czornobai
03 juin

Os dados e falas do pneumologista são chocantes, ainda mais ao considerarmos o uso deliberado destes aparelhos entre jovens e adultos atualmente.

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