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  • Foto do escritorMilena Lopes

Desafios das férias escolares: preparativos para o mês de julho

Atualizado: 5 de jul.

Para equilibrar trabalho, diversão e uso de telas, existem algumas estratégias que os pais podem usar

Com a chegada das férias escolares, muitas famílias enfrentam um novo desafio: conciliar trabalho, cuidado das crianças e momentos de lazer durante esse período prolongado. Para algumas famílias, a organização das férias pode ser mais complexa do que para outras, dependendo da estrutura familiar e do suporte disponível.

Fransleine e Cristiano são pais de duas meninas, Manuela, de 3 anos e 6 meses, e Helena, de 1 ano. A mãe deixou de trabalhar temporariamente porque a mais nova ainda não conseguiu vaga na creche do bairro e por falta de rede de apoio. “Viemos do Rio Grande do Sul e toda nossa família é de lá, então, zero rede de apoio”, diz. A mãe relata que, para evitar que as crianças passem muito tempo em frente às telas, arrumou alternativas. “Compramos kits de pintura e lápis de cor, livros de pintura e quadro com giz para aproveitarmos ao máximo nossas férias em casa”, conta. O casal ainda não programou bem o período que Manuela estará fora da escola, mas afirmou que ela está animada para a visita da avó, que passará uns dias na cidade.

Caroline Reisdorfer, psicopedagoga, enfatiza que, geralmente, as crianças não gostam de brincar sozinhas e que é por isso que os pequenos ficam entretidos na frente das telas, o que não tem problema, desde que de forma controlada. A profissional incentiva o investimento em brinquedos como quebra-cabeças, massinhas, tesoura, cola e papéis para entreter as crianças, além da oportunidade de incluí-las como ajudantes em algumas atividades dos pais de modo adaptado

“A depender da idade, os pequenos precisam de mediação. Em algum momento, alguém terá que sentar no chão e montar o quebra-cabeça junto, para depois a criança achar graça”.

Caroline Reisdorfer, psicopedagoga em formação psicanalística e mestra em Letras, possui uma abordagem focada no desenvolvimento infantil | Foto: Arquivo Pessoal


Sandra e Alexandre também têm dois filhos, Lorenzo, de 7 anos, e Théo, que acabou de completar 1 ano. Apenas Lorenzo vai para a escola, enquanto o mais novo fica com uma vizinha que cobra um valor acessível. Este ano, Sandra decidiu tirar férias do trabalho em julho para cuidar dos dois durante as férias escolares. “É uma oportunidade para estarmos juntos. Vamos visitar alguns parentes numa cidade próxima e pretendo ir a um parque com as crianças”. A mãe relata que não se preocupa com o uso excessivo de telas. “Não é um problema, pois há muitas crianças na rua e todos são amiguinhos. Eles brincam na rua, jogam bola e o Lorenzo também brinca bastante com o irmão mais novo”.

Entre festas e comemorações, a família reunida cria memórias de união e amor | Fotos: Arquivo Pessoal

Itamara Mainardi é mãe de três filhos: Yroe, de 20 anos, Anderson, de 15 anos, e o caçula, Artur, de 5 anos. Ela consegue controlar o uso de telas apenas com o mais novo, mas fica preocupada com o excesso durante as férias. “Enquanto Artur está comigo, conto com o apoio da minha filha e da minha mãe, que mora perto. No entanto, metade do tempo ele ficará com o pai, onde imagino que o uso de telas será maior”, explica. Para evitar isso, enquanto Artur estiver em casa, a mãe planeja deixá-lo na casa da avó durante o dia.

"Como ela mora perto da minha irmã e dos meus sobrinhos, Artur terá mais oportunidades para brincar e menos tempo diante das telas”, conclui.

Vale lembrar que, mesmo estando de férias escolares, é importante estimular de forma didática as crianças e adolescentes. Caroline cita que ler e escrever são aspectos da vida e há como aproveitar o cotidiano para exercer e aprimorar as habilidades aprendidas na escola. “Peçam às crianças para que façam e leiam as listas do mercado; que leiam as receitas, os cardápios para escolher o lanche ou a pizza”. A psicopedagoga também indica que, caso a criança já faça uso de celular, na hora da comunicação, deve-se dar preferência para mensagens de texto ao invés de áudio.

Claudineia e Maycon moram com o filho Gustavo, de 9 anos. O casal trabalha fora e nenhum dos dois tem a oportunidade de tirar férias durante o período em que Gustavo está em casa. Como os familiares moram longe, o casal optou por pagar uma pessoa conhecida da família para ficar com ele. A mãe comenta que o uso de telas aumenta muito nesse período, principalmente quando, na casa da pessoa que o cuida, não há outras crianças para brincar. “Estou longe e sei que outra pessoa não vai ter a mesma confiança de deixá-lo brincar na rua. Para ele aproveitar e não ficar entediado, sempre deixo o uso livre, tanto do celular como da TV e dos jogos”.

O uso das telas é um grande desafio na maioria das casas com menores que, muitas vezes, passam horas do dia na frente da televisão, videogame, jogos online no computador ou celular, assistindo vídeos curtos e, às vezes, até usando as redes sociais. No caso de não conseguir controlar ou precisar liberar esse tempo de tela, é possível fazer isso com mais qualidade, como explica Caroline Reisdorfer:

“Nossas crianças estão ficando sem paciência para esperar o final das histórias. Isso reflete na leitura, tanto de livros quanto de enunciados, na espera pela explicação completa da professora, ou em prestar atenção nas nossas falas de adulto”.

Para melhorar isso, psicopedagoga indica filmes e desenhos mais longos e, quando possível, perguntar sobre a opinião da criança e relacionar os enredos com os acontecimentos do cotidiano.


Equilíbrio é a palavra chave nesse momento

Diante das diversas realidades familiares apresentadas, a psicopedagoga ressalta que, independentemente das circunstâncias, o mais importante durante as férias escolares é proporcionar às crianças momentos de aprendizado, diversão e descanso. Caroline Reisdorfer enfatiza que, mesmo diante das dificuldades, é possível encontrar alternativas criativas para estimular o desenvolvimento dos pequenos, por meio de atividades didáticas no dia a dia ou pela exploração de novas experiências durante as férias.

"Todos nós precisamos de pausas e, no caso das crianças, isso é ainda mais importante. Nossas crianças não estão sabendo lidar com o ócio", destaca.

A profissional reforça a importância de valorizar o tempo livre das crianças, permitindo que elas sintam saudades, descansem e se motivem a explorar novas oportunidades de aprendizado e diversão.


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1 opmerking


Alcemar Dionet De Araujo
Alcemar Dionet De Araujo
05 jul.

A fala da psicopedagoga Caroline Reisdorfer é extremamente relevante para as famílias que enfrentam os desafios das férias escolares. Sua abordagem equilibrada, que enfatiza a importância do controle no uso de telas e a necessidade de mediação e interação ativa com as crianças, é fundamental para promover um desenvolvimento saudável. Caroline destaca de forma clara e acessível a importância de atividades lúdicas e didáticas, oferecendo alternativas criativas e práticas para os pais, como quebra-cabeças, livros e a participação das crianças em tarefas cotidianas. A orientação para aproveitar o tempo de qualidade e a valorização do tempo livre das crianças reforçam a necessidade de pausas e a criação de memórias familiares de qualidade, essenciais para o bem-estar emocional e social dos…

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