Dia Nacional da Liberdade de Imprensa é celebrado em 7 de junho para o combate à censura
Há um ditado popular que diz que quem não deve, não teme. Seria interessante concordar com esta afirmação, se não a visse atuar em um lugar onde quem deve, além de temer, busca silenciar a verdade.
O dia 7 de junho é a data marcante em que as fitas foram retiradas dos lábios daqueles que foram forçados a calar-se, mediante a uma força brusca. A liberdade de expressão tornou-se um crime maior e indefensável no Brasil e quem trouxe essa afirmação de fato é bem condizente com o prazer em esconder-se por baixo dos panos.
Foram necessárias 3 mil assinaturas para que a imprensa brasileira mostrasse que não haveria censura por parte daqueles que os fizessem silenciar. O ano de 1977 ficou para a história da imprensa, como de fato foi.
Entre 1964 e 1985 o Brasil esteve sob o domínio da Ditadura Militar, um regime autoritário conduzidos por militares do Exército Brasileiro e marcado pela crueldade, tortura e um severo silêncio forçado direcionado à imprensa.
É questionável a razão pela qual o governo da época precisou abster-se da transparência de suas ações. Tratando-se de governantes tão bons de caráter, seria mesmo necessário calar a verdade, se ela de fato, era tão patrioticamente correta?
Foram necessárias mordaças em forma de ameaças.
Foram abordadas as veracidades mais incoerentes para garantir que uma população inteira não merecia ter acesso a informação. Foi arrancado do povo aqueles que vos oportunizou o direito de falar, o povo perdeu a sua voz, ao calar a imprensa, calou-se milhões de brasileiros.
De acordo com a organização sem fins lucrativos Repórteres sem Fronteiras, o Brasil ocupa a 82ª posição mundial de países em que a imprensa é livre para fazer seu trabalho, produzir informações de interesse popular, denúncias em casos de corrupção, a linha tênue entre as falhas e o sucesso das políticas públicas e o monitoramento das ações dos grupos políticos que estão atuantes. Porém, talvez em uma grande parte, apesar de obter a liberdade, conseguir colocar em prática torna-se um grande desafio.
Um cenário comum que pode ser citado como exemplo de ataques diretos à imprensa teria sido o resultado eleitoral presidencial no ano de 2018, quando diversas fake news foram compartilhadas de maneira abrupta, como uma arma letal ao jornalismo brasileiro. Diversos veículos de comunicação foram atacados ao questionar ou criticar a gestão do governo, e não foi diferente a tentativa de um novo golpe de estado no dia 8 de janeiro de 2023, este que teve grande influência das notícias falsas. Diversas publicações tendenciosas foram espalhadas pelas redes sociais e, mais uma vez, a imprensa foi calada.
Pois, a verdade que não vinha vestida de verde e amarelo não era ouvida, e quem se opusesse “que fosse comer picanha”.
Mesmo após 25 anos do fim da Ditadura, foi-se decretado o fim para a obrigatoriedade do certificado para jornalistas, em 2009. Foram necessários 8 votos a 1 a favor dessa prática que seria vista mais uma vez na história: a imprensa sendo colocada à prova de fogo, sendo mais um soco da boca do estômago para a comunicação jornalística. A luta incessante e sem tréguas que coloca a imprensa a contra ataque a todo momento, e ainda em 2024, a obrigatoriedade do certificado ainda não é exigida, trazendo assim, cada dia mais insegurança aos profissionais éticos. Tendo em vista que em um ano em que as tecnologias estão cada vez mais presentes, é muito mais fácil que as informações sejam compartilhadas e em muitas vezes, a verdade perde sua importância comparada a viralização.
O dia em que a imprensa for livre para trabalhar de maneira ética, será um grande marco histórico, como o dia consolidado ao Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Todo dia 7 de junho renova-se o anseio de liberdade. A expectativa de veículos de comunicação é que os profissionais sejam respeitados mediante a profissão. Liberdade não é artigo de luxo, é dignidade.
Jaqueline, a sua escrita é envolvente e incisiva, refletindo uma compreensão profunda do tema e uma habilidade notável para comunicar questões complexas de forma clara e impactante. Seu artigo é uma chamada à ação e à reflexão, sublinhando a importância vital de um jornalismo livre e ético para a saúde da democracia. Parabéns!
Tema extremamente importante e que precisa ser debatido! Defender a liberdade de imprensa é defender a democracia. Parabéns, Jaque! Artigo de opinião excelente!