top of page
  • Foto do escritorFilipe Vazquez

Movimento underground: um cachorro na coleira pensando em fugir

A história por trás de bandas que respiram a rebeldia

Imagine a cultura como um grande iceberg. A parte que vemos brilhando ao sol, é a cultura mainstream, com seus hits nas rádios, novelas na TV e livros nas prateleiras das grandes livrarias. Mas, embaixo da superfície, nas profundezas geladas, existe um mundo inteiro: a cultura underground. Mas afinal, o que é “mainstream” e “underground? O termo “underground” (do inglês, “subterrâneo”), é usado para descrever movimentos culturais, artísticos e musicais que operam fora do mainstream (do inglês, “convencional”). 

A cultura underground era frequentemente marginalizada e não recebia reconhecimento da mídia e da indústria cultural predominante. Dessa forma, o termo "underground" surgiu para descrever esses movimentos e suas produções artísticas que estavam "fora do radar" da cultura mainstream.


Origens e Raízes

A música underground teve suas origens na década de 1960, durante o movimento de contracultura nos Estados Unidos da América (EUA). Naquele período, jovens artistas e músicos começaram a se desvincular das instituições tradicionais e a explorar formas alternativas de expressão.

Os hippies pregavam a paz, o amor e a liberdade. Questionavam a autoridade, promoviam a igualdade e buscavam uma conexão mais profunda com a natureza e a espiritualidade. Além disso, a década de 60 testemunhou movimentos pelos direitos civis dos negros (Black Power), gays (Gay Power) e igualdade de gênero (Women’s Lib). Jovens tomaram as ruas para contestar a sociedade vigente, buscando mudanças significativas.

Na música, bandas que estavam nas paradas de sucesso como The Beatles e The Rolling Stones, começaram a explorar novos sons e experimentações. O rock psicodélico, com suas letras enigmáticas e sonoridades peculiares, tornou-se um símbolo do movimento underground.

“Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz?” – Trecho da música “Imagine” de John Lennon.

Barata Branca é underground!

“Um grito de um indivíduo desesperado”. Essa é a definição que os integrantes da banda Barata Branca, de Campo Grande - MS, deram ao grupo. Capiberibe (baterista), Freitas (baixista), Gustavo (guitarrista) e Skeet (vocalista e guitarrista) são os integrantes da banda e que fazem este projeto acontecer.

Nascida em meados de 2020, a banda lançou seu primeiro álbum há pouco tempo. O álbum de estúdio intitulado “Cachorros” (2023), surgiu como uma expressão de liberdade e apresentou um cartão de visita para o grupo de rock alternativo de Campo Grande. “Estava me sentindo um cachorro na coleira, preso em meus próprios sentimentos, então precisava me libertar”, revela o vocalista e guitarrista, Skeet.

Para além disso, o Barata Branca carrega a essência do underground. Fora dos grandes centros urbanos e longe das músicas comerciais do mainstream, o grupo respira produções feitas com sinceridade, como define o baterista Capiberibe, “O underground é música feita de coração. Aquela que você toca no seu quarto com seus amigos, despretensiosos de qualquer ‘estouro’. Algo que sai de dentro de você e não de uma ideia de sucesso”.

Muitos apreciadores consideram que o movimento underground acabou com a chegada das redes sociais e a evolução da indústria cultural. Isso implica em uma grande questão que é levantada pelas comunidades de música alternativa: o underground está virando mainstream.

“A indústria cultural não é redutível a seu elemento econômico; ela exige o consumo e, portanto, a própria alienação que ela reproduz.” – Herbert Marcuse, A Ideologia da Sociedade Industrial (1964).

O rock não é “instagramável”

Para quem vive o movimento, a chegada das redes sociais implica o oposto. Agora, os artistas alternativos ganharam mais espaço na mídia para exporem seus trabalhos. “Antes, o underground era mais definido. Se você tinha espaço nas grandes mídias, automaticamente você era mainstream, porque o custo de se fazer um álbum e das pessoas comprarem seus discos era muito maior. Com a chegada das redes sociais, agora existe um espaço mais democrático”, comenta Skeet. Logo, com a integração dessas novas tecnologias, a quantidade de artistas da cena musical aumentou.

Porém, mesmo de “cara nova”, o underground continua com sua mesma essência: resistir à cultura comercial. Ao longo dos anos, o rock passou por diversas transformações. O ápice da música antimercado foi na década de 1990. Nirvana e Alice In Chains do “movimento grunge” e Rage Against The Machine do “rap metal”, foram algumas das bandas que tomaram para si o protagonismo do underground da época. Com riffs  progressão de acordes ou notas musicais  mais simples, calças rasgadas e letras agressivas, essas bandas surgiram com sons completamente diferentes do que era escutado na década de 1980. A corrente musical perdura até hoje, inspirando diversas gerações, o que colaborou para transformar o rock alternativo em uma explosão global.

O perfume do rock é a rebeldia. Fazer barulho e irritar as pessoas. Se não tivesse isso, não teria aquela vontade de gritar no palco. Aí entra a guitarra distorcida, porque é uma manifestação dessa rebeldia. Se não existisse isso, o que sobraria?”, conclui Skeet.

“Como um cachorro na coleira pensando em fugir” -  Trecho da música “Cachorros” de Barata Branca.

74 visualizações4 comentários

4 Comments


Ana Cecilia Muxfeldt Czornobai
Ana Cecilia Muxfeldt Czornobai
Jun 03

Caramba!!! Muito interessante aprender mais sobre o movimento underground. Fiquei super motivada a buscar mais conteúdos relacionados ao tema (você pode escrever mais sobre cofcof).

Like

Mariele Santos Cardoso
Mariele Santos Cardoso
Jun 01

Muito interessante saber sobre esse assunto

Like

Júlia Oliveira Mourão
Júlia Oliveira Mourão
May 30

Acho esse assunto super maneiro, juro. A cultura underground veio pra comunicar muita coisa importante, e o mais incrível é que produções de anos atrás também ecoam na sociedade até os dias de hoje.

Like

rubiazamainomata
May 30

Uau! Muito bom entender sobre o movimento underground e conhecer uma banda brasileira!! 🎼

Like
bottom of page