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Foto do escritorCatharina Alvarez

Quando o folclore se movimenta

O romance e o valor histórico por trás de danças típicas na Eslováquia

Romance. Uma palavra simples que descreve a história por trás de inúmeras coreografias eslovacas. As vozes femininas ecoam no salão, e mulheres de todas as idades cantam narrativas sobre amores de épocas não mais vividas, contos sobre parceiros que foram para guerra, e, como se estivessem à espera de um retorno, relatam a tristeza da despedida. A história dançada na Eslováquia é uma história de amor.

No frio de -1°C, jovens, adultos e idosos se encontram para dançar. O salão roda enquanto Bianka dança em círculos, batendo os pés no chão e correndo de mãos dadas com as dançarinas que transmitem cada movimento como se estivessem flutuando. O ritmo acelera, elas dançam mais rápido e cantam mais alto. Suas lindas vozes reverberam e soam como um sonho. É como uma brincadeira de criança. Os sorrisos e a diversão são contagiantes. Os pares entram e a simples valsa não é nada mais que pirueta atrás de pirueta. Os casais rodam e, rodando, voam. Seus pés saem do chão enquanto é levada por seu par além da tontura, e não consegue segurar seu riso. Pura alegria. É somente assim que é possível descrever o sentimento de viver uma cultura tão rica.

Em Bratislava, na Eslováquia, grupos de dança se reúnem semanal ou mensalmente, para aprender passos e movimentos. Esses eventos são, também, abertos a amadores. O romance da dança, aos poucos, se transforma em crônica, e histórias de amor saem dos pés e vão para a vida. A dança serve como uma ponte, conectando pessoas através das barreiras de linguagem e diferenças culturais. Ao dançar com desconhecidos, é possível acreditar que cada pessoa ali é uma amizade de infância.

Martin Petras dança há cerca de 20 anos. O líder de um grupo de dança em Viena foi em um dos encontros de Bratislava, onde conheceu Bianka. A paixão em seus olhos é clara. Martin e Bianka encontraram, através da dança, um amor que sobreviveu a tudo, um romance digno de livros. A universitária veio ao Brasil em 2022, no começo de seu relacionamento. A distância foi um pequeno obstáculo, que só fez essa devoção crescer.

Existe uma conexão que essa tradição folclórica traz, não somente com o passado – com as origens da cultura no país – mas entre os dançarinos. Enquanto os instrumentos tocam, almas se interligam, sorrisos se encontram, amizades se formam, e amores também.

O FOLCLORE E A DANÇA

            "As danças folclóricas representam as tradições de cada região da Eslováquia, as quais têm tipos coreográficos, ritmos, passos e técnicas distintas", conta Bianka Koyšová, dançarina há cerca de 15 anos. Essa prática cultural é rica em variações, e os movimentos contam inúmeras diferentes e importantes histórias, tradições vindas majoritariamente do meio rural do país. A diversidade da dança folclórica é reflexo de uma cultura unida e variada, representante de um país pequeno e rico em personalidade.

            As modalidades dançadas são divididas em: masculina, feminina e em par, que se unem para relatar uma mesma história. Bianka conta que as letras da maioria das músicas narram contos de amor, e grande parte das coreografias são interpretadas por jovens.

"São músicas cantadas por mulheres que se despedem ou esperam o retorno de seus amados da guerra. Quando os homens cantam, a narrativa é a mesma, mudando a perspectiva da história", relata a dançarina.

            Admiradora das artes, Bianka vê, com cada vez mais clareza, a beleza refletida nos movimentos, e, com a dança, não se torna somente uma personagem de histórias folclóricas, mas sua narradora.


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