"Virado" é uma ótima opção para aqueles que buscam alimentação saudável, diversa e livre de crueldade animal
Comer é um ato político. Excluir alimentos de origem animal do cardápio e, assim, evitar a exploração e a crueldade contra os animais é um dos princípios do vegetarianismo, movimento que se opõe à criação em massa de espécies para abate, visando protegê-los.
O movimento vegetariano ganhou força nos últimos anos. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) em 2022, estima-se que 50 milhões de brasileiros são adeptos ao vegetarianismo ou veganismo atualmente.
Desta forma, com tantas pessoas adotando hábitos diferentes, um novo mercado se expande: restaurantes que servem pratos e refeições totalmente à base de plantas, sem produtos de origem animal, como carnes. Foi pensando em atender esse público que a empresária Daniela Bisinela, de 34 anos de idade, decidiu abrir o Virado, um restaurante de comida brasileira… só que sem carne. “Eu e o Rafa, meu marido, não somos vegetarianos. Mas, nós gostamos de fazer refeições sem carne. Temos o costume de frequentar restaurantes vegetarianos e, um dia, almoçando em um, o Rafa deu a ideia de abrir um restaurante vegetariano, já que tinham pouquíssimas opções na cidade – somente três na época”, explica Daniela.
O estabelecimento conta com uma pegada familiar e um ambiente aconchegante, que faz com que os clientes sintam-se em casa. O buffet livre da casa é composto por pratos regionais e, a cada dia da semana, uma localidade do Brasil é incorporada para dentro das panelas do Virado, atendendo assim todos os gostos: do Norte a Sul do país.
“Queríamos algo diferente, mais brasileira e com uma comida comum”, relata Daniela.
Pratos típicos como a famosa “vaca atolada” tornou-se “jaca atolada”; a moqueca, que normalmente é feita à base de peixe e frutos do mar, na versão do Virado não leva peixe; o estrogonofe é “desfrango”. Com tanta criatividade, os pratos ganham mais cores e também o gosto do público: o churrasco de vegetais e a feijoada aos sábados, acompanhada do open de caipirinha, são as mais pedidas pelos clientes.
A culinária caseira vem conquistando o coração dos frequentadores do Virado. Uma delas é Bethania Davies, jornalista de 34 anos de idade, que se tornou uma frequentadora assídua do restaurante, apesar de não ser uma pessoa vegetariana.
Se eu definisse a minha experiência no Virado em uma palavra seria ‘casa’, porque me remete muito a uma comida caseira, de mãe e bem brasileira”, conta a cliente.
Cumprindo com as expectativas de trazer uma comida variada e saborosa, dentro do universo vegetariano, o Virado alcança um público que não apenas busca um cardápio diferenciado, como também atinge aqueles que reavaliam o seu próprio consumo. “Hoje em dia, eu como muito menos carne do que antes de frequentar o Virado. O restaurante trouxe uma comida brasileira vegetariana para a cidade e desmistificou a ideia de que a comida vegetariana precisa ser elaborada. Isso pode ajudar muito a introduzir a alimentação vegetariana ou a diminuição da carne na vida de muitas pessoas”, enfatiza Bethania.
DA COZINHA À MESA: O AMOR EM CADA DETALHE
Não existe uma boa comida sem um bom preparo. Carol Alardi, chef vegetariana formada em Gastronomia, é quem comanda a cozinha e é a peça fundamental para o sucesso do Virado. A chef, que tornou-se adepta ao movimento vegetariano em oposição ao abate e consumo em grande escala de animais, atualmente, se dedica a um trabalho alinhado ao seu estilo de vida diário, conscientizando cada vez mais pessoas sobre o consumo sustentável.
A alegria e satisfação de unir o trabalho com algo em que se acredita é um luxo que poucos podem ter. No caso de Carol, integrar a história do Virado foi uma grande mudança. “Antes, eu trabalhava como personal chef em alguns eventos pequenos. Agora, estar no restaurante mudou muito a minha vida. É surreal trabalhar com algo que eu acredito. Na cozinha do Virado, nós buscamos fazer uma comida de casa, uma comida ética e dentro do que acreditamos”, comentou a chef.
A SAÚDE DO CORPO E DO MEIO AMBIENTE
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a comida vegetariana não é exclusiva para aqueles que seguem esse lifestyle, muito pelo contrário, um cardápio com menos consumo de proteína animal pode trazer muitos benefícios para a saúde do corpo. Um estudo realizado na Universidade de Oxford, divulgado em 2013, apontou que adotar hábitos vegetarianos diminui em 32% o risco de doenças cardíacas, como também ter um nível de massa corporal elevado e desenvolver diabetes.
O vegetarianismo traz pontos positivos à saúde, mas, quem mais se beneficia do movimento é o planeta. Um estudo realizado pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos da América (EUA),em 2014, apontou que deixar de consumir carne vermelha diminui mais a emissão de carbono do que deixar de andar em carro, devido ao processo de ruminação dos bovinos, onde entre 2% a 12% da energia bruta consumido pelo animal é convertida na eliminação de gás metano, prejudicial à camada de ozônio.
Movimentos como “segunda sem carne”, que incentivam a diminuição do consumo de carne para não vegetarianos e/ou veganos, geram impactos positivos.
“Mesmo que a pessoa não seja vegetariana, se ela diminuir um pouco o consumo de carne, irá gerar um impacto imenso no mundo, no agro e em diversas questões ambientais”, reforça Daniela.
Os impactos causados pelo consumo excessivo e desenfreado de carne não irão sumir da noite para o dia, mas se cada um fizer a sua parte e optar por uma alimentação livre de sofrimento animal, pouco a pouco, o planeta terá mudanças positivas no meio ambiente.
Fui influenciada pelo texto e pela recomendação da Sabrina... de fato, o Virado não é apenas um restaurante vegetariano! A experiência de conhecer pratos variados foi incrível. Quero ir mais vezes ;)
Depois da leitura, quero muito conhecer o Virado! :D