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  • Foto do escritorThauana Marin

Tempos distantes, amores próximos

Dois casais apaixonados provam que o amor supera a distância


Ernani & Teresinha e Luciano & Kauanny. O destino os levaram para o mesmo lugar, em tempos diferentes, e o amor entre os casais não se abalou com a distância. Foto: Thauana Marin Gottardi e Arquivo Pessoal

Nos anos 70, Teresinha Gayardi estava substituindo as brincadeiras de boneca pelos livros do pré-vestibular. A jovem radiante e esforçada é natural de Pelotas (RS), mas havia se mudado para Passo Fundo. Em um baile, a dona Leontina, amiga da família, tinha apresentado seu filho Ernani Magnabosco à Teresinha. Mal sabia Leontina que a garota já estava paquerando ele na mesma ocasião, enquanto o assistia tocar pandeiro junto com seus primos. 

Anos depois, Passo Fundo também acolheu Luciano Inomata, que trabalhava como analista de desempenho de clubes de futebol. Na época, em 2021, o jovem se mudou para a cidade ao receber uma proposta de trabalho. Luciano estava com o coração apertado por ter que deixar em Cascavel (PR) sua cara metade, Kauanny Pereira. Ela estava cursando Fisioterapia e ambos se conheceram naquele mesmo ano, na casa de um amigo em comum.

Na época, Luciano estava focado em desenvolver um projeto próprio que o possibilitaria trabalhar de home office em Cascavel, onde morava toda sua família. Mas, com a proposta de vivenciar uma grande experiência profissional, Luciano decidiu firmar um relacionamento com Kauanny e partiu para solo gaúcho.

O amor, porém, resistiu à distância. Por meio de ligações e conversas virtuais, Luciano e Kauanny mantiveram um relacionamento durante 6 meses. Nesse período, se encontraram aproximadamente cinco vezes.

Embora a tecnologia facilite o contato à distância, Teresinha e Ernani provaram que a paixão é capaz de superar barreiras mesmo sem essa ferramenta. As mais de mil cartas acumuladas que Teresinha guarda até hoje registram como foi o relacionamento do casal. Após dois anos desde que haviam se conhecido, o namoro iniciou. Como ela cursava Matemática em Passo Fundo e ele, Engenharia Civil em Pelotas, as cartas protagonizaram o relacionamento.

Durante cinco anos, até o telefone era de difícil acesso. “A gente tinha que combinar de ir até a companhia telefônica ou na casa de algum amigo que tivesse telefone”, explica a matemática. Mas o companheirismo e a confiança de ambos sustentou um relacionamento que permanece vívido até hoje.

Essa confiança também esteve presente no relacionamento de Luciano e Kauanny. Ainda em 2021, ele retornou para sua cidade-natal, onde passou a trabalhar em home office. Então, Passo Fundo deixou de ser cúmplice de uma história de amor à distância e Cascavel passou a ser o lar de um casal apaixonado o qual, em 2022, passou a morar junto. O apartamento de ambos representa como seus esforços valeram à pena.

Já a história de Teresinha e Ernani ainda tinha muito chão pela frente. No dia 31 de dezembro de 1982, o noivado aconteceu. Durante esse período, ela estava finalizando os estágios e a graduação, enquanto ele estava montando uma empresa. Até que chegou o tão esperado casamento civil, em 1985. A cerimônia religiosa ocorreu no dia seguinte, acompanhada de um churrasco que celebrava a união do casal.

Após o casamento, Teresinha e Ernani enfrentaram dificuldades e comemoraram conquistas. Embora o percurso não tenha sido fácil, o amor os tornou mais fortes para superar cada obstáculo. Afinal, como canta Legião Urbana em “Eduardo e Mônica”,

“Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?”.

“Meu grande amor”

Respeito, cumplicidade e a confiança sempre foram a base do  relacionamento de Ernani e Teresinha, segundo eles, esse foi o caminho para realizarem tantos sonhos. E as dificuldades encontradas durante os anos de união, seja financeira, familiar ou profissional, foram fundamentais para fortalecer o relacionamento do casal. “Lutamos, pois só a nossa luta é capaz de tornar esse sonho realidade”, disse Ernani em uma das cartas trocadas pelo casal. 


Poesia para Teresinha


A Tua Presença

Eu não sei quando foi,

Eu não sei como foi…

Que repentinamente os meus solitários dias,

Começaram a ser preenchidos

Ora com a imagem do teu jeitinho próprio…

E com a imagem da tua linda presença.

E a imagem do teu sorriso… é o teu rosto,

Dentro da selva abrupta da solidão.

Quem sabe foram os teus olhinhos,

Ou quem sabe o teu sorriso,

Que em mim despertaram o desejo,

De aproximação… de amizade.

Em todos os olhos eu nada vejo,

Porém, na imagem dos teus pretos olhinhos,

Existe uma atmosfera carinhosa,

Nesse rostinho de menininha,

Há o sorriso que todos os lábios não possuem.


Eu não sei quando foi,

Eu não sei como foi…

Que uma força me aproximou de ti,

A dizer que tudo… a dizer que nada…

Eu quase nada tenho… apenas

Tenho o que procuro…

Em coração com carinho sincero.

Eu sei que é difícil encontrar o que quero,

Propondo tão pouco, ou pedindo quase nada

E o pouco que procuro são poucos que possuem…

E o pouco que tenho,

São poucos que querem…


Mas a tua presença, menininha!...


-Ernani Magnabosco


48 visualizações2 comentários

2 Comments


Filipe Vazquez
Filipe Vazquez
May 08

Que fofo! Sempre bom ouvir/ler histórias de amor reais. Amei a reportagem!

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Júlia Oliveira Mourão
Júlia Oliveira Mourão
May 07

O contraste entre as gerações é uma coisa digna de ser admirada… Adorei a reportagem!

Ah, e particularmente, que lindo gesto escrever cartas para quem a gente ama, né? 🥺

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