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  • Foto do escritorRubia Inomata

Versos poéticos: a tradução da vida em palavras

Em meio à transitoriedade da vida, Juliana Silva Muller buscou seu propósito e encontrou na escrita a forma de se libertar


Juliana Silva Muller, 32 anos, mãe, social media e escritora. Foto: Rubia Inomata

Fim de século. O ano era 1999, próximo das festas de fim de ano. As nuances na estrada entre Foz do Iguaçu e Corbélia, na região oeste do Paraná, eram percorridas e preenchidas pela felicidade de uma menina de oito anos. Seu tio dirigia o caminhão que a levaria de volta para casa, depois de uma visita na cidade de seus parentes, durante as férias de verão. O transporte já não era incomum para a garota, pois seu pai era caminhoneiro. Porém, em uma curva acentuada, perto do município de São Miguel do Iguaçu, o caminhão perde o controle e tomba. A criança é atingida por uma chave de fenda, que perfura a parte posterior do joelho, a artéria aorta e tendões, provocando uma anemia profunda.

“Foi uma quase morte”, conta Juliana Silva Muller, hoje com 32 anos e com diversas histórias a serem contadas. O acidente marcaria sua vida para sempre, como um período de grandes descobertas sobre o mundo e sobre si mesma. “Meu sonho era ser bailarina, que acabou perdendo o sentido. Talvez, por algum motivo do destino, eu não deveria exercer essa carreira”, comenta. Mas, afinal, o que o destino queria dizer para Juliana?

Até os oito anos de idade, a sua forma de comunicação era predominantemente expressada por meio da dança. Porém, com esse acidente, sua rotina foi transformada. A perna foi engessada e o processo de recuperação mostrou o quão dependente ela poderia ser, no auge da infância, quando correr e brincar foram limitados pela falta de mobilidade. As sequelas do acidente não se agravaram e não foram permanentes, graças ao local do tombamento: em frente ao pronto-socorro. O rápido atendimento tirou Juliana do risco de morte. Em meio a risos, ela conta que o incidente foi cinematográfico: “No momento em que esperávamos pelo socorro, eu imaginava se um helicóptero de resgate chegaria e pensava em como eu iria aparecer na TV”.

Essa imaginação fértil proporcionou a Juliana diferentes oportunidades de interpretar o mundo a sua volta, as quais construíram seu repertório e, posteriormente, a auxiliaram na maneira de expressar seus sentimentos, seja pela escrita ou pela oralidade. Ela explica que o acidente foi a primeira virada de chave de sua vida, visto que os ferimentos a obrigaram a parar pela primeira vez, fazendo com que ela começasse a observar tudo ao seu redor.

Meses após o acidente que quase tirou sua vida, Juliana já estava se recuperando das sequelas. Felizmente, o ocorrido não impede seus movimentos e não se transformou em uma limitação permanente. Todavia, por cerca de um ano, ela teve dificuldade em andar e, por um mês, dependeu completamente de seu pai para se deslocar. Foi naquele período que entendeu a importância da autonomia, que se tornou o grande objetivo na sua trajetória: transformar-se em uma mulher independente.


Com desejos de compartilhar e expandir seus conhecimentos, Juliana se reinventa a cada fase de sua vida. Foto: Rubia Inomata

DE CORBÉLIA, PARA O MUNDO

“Durante um período da minha vida, morei em Curitiba e uma amiga de lá me visitou na cidade onde fui criada. Ela chegou na rua da minha casa e disse: ‘Juliana, como é que você cresceu aqui? Como que você cabia nessa rua?’”. Com uma gargalhada, Juliana narra esse fato e explica que o espanto de sua amiga não era pelo fato de a cidade ser pequena, mas sim por não entender como uma mulher com uma vida repleta de movimentos e reviravoltas, cresceu em uma rua tão pacata e sossegada.

A cidade onde ela viveu sua infância e adolescência não é o mesmo local onde nasceu. Juliana chegou ao mundo no dia 26 de abril de 1991, em Cascavel, no oeste do Paraná. Seu contato inicial com essa cidade foi passageiro, mas, atualmente, é onde reside. Ela cresceu cercada pelo aconchego da família, em um município próximo de Cascavel, chamado Corbélia. A cidade com pouco mais de 17 mil habitantes, já revela em seu nome a relação com os aromas e cores das flores: “Corbélia” é de origem francesa e significa cesto de flores. O local, também conhecido como cidade das flores, foi o lar de Juliana até o ano de 2009, quando se mudou para a capital, Curitiba.

Muitas memórias afetivas foram construídas em Corbélia. Porém, seu desejo de expansão esteve presente desde a infância, quando aos nove anos estava decidida de que um dia iria sair da cidade e desbravar o mundo. Esses detalhes, Juliana contou logo que chegou ao Café du Coin, espaço escolhido para a narração das histórias mais marcantes de sua vida. O ambiente, preenchido por diferentes perfumes de café, era acolhedor e foi de sua própria escolha, já que ela frequentava-o em suas reuniões de trabalho, saída com amigos e até no lançamento de seu livro.

O encontro para o bate-papo foi marcado para às três horas da tarde, em um domingo pós-feriado. No café, se encontravam algumas pessoas, reunidas em pequenas mesas em conversas íntimas. Então, decidi subir para o segundo andar, em busca de mais privacidade, onde os aromas ficavam mais predominantes. Sento em um canto, perto de uma janela. Passado poucos minutos do horário marcado, escuto passadas nas escadas: Juliana chegou. Quando nossos olhos se encontraram, imediatamente me levantei para dar um forte abraço, que foi cheio de sentimentos de saudade e de gratidão pelo reencontro.


O REENCONTRO

Nosso primeiro contato foi em sala de aula. O ano era 2018. Eu tinha 14 anos e estava no 9º ano, próximo de ingressar no Ensino Médio. Recordo-me do momento em que troquei as primeiras palavras com ela: “desculpa o atraso, maestra”. Assim como os alunos chamam o professor(a) de Língua Inglesa de “teacher”, era comum na escola chamar o responsável pela disciplina de Língua Espanhola de “maestro(a)”. Parecia que, ao utilizar essa nomenclatura em espanhol, trazia um significado ainda mais especial para o papel do professor: aquele que não só ensina, mas que também conduz os alunos para uma jornada de descobertas.

Ao contar essa lembrança, Juliana riu. Seu sorriso envolto em um batom vermelho traz mais uma onda de recordações: ela continuava com a mesma essência da “maestra” que conheci há cinco anos. Essa essência se manifestava principalmente na aparência, por meio do óculos de grau, cabelos loiros presos em um coque despojado, um vestido preto com pequenas bolinhas da mesma cor e com mangas bufantes, acompanhado por uma fina gravata preta em seu pescoço, e, nos pés, tênis All Star e meias estampadas: as suas marcas registradas. Não menos importante, a sua simpatia, atenciosidade e olhar “olho no olho” permaneciam as mesmas.


All Star e meias estampadas. Foto: Rubia Inomata

Após mencionar a memória da ocasião em que a conheci, ela contou que aquele dia foi a primeira experiência em sala de aula. “Comecei a lecionar naquele ano, em 2018, as disciplinas de Literatura e Língua Espanhola. Entrei na sala de aula como se sempre estivesse lá”, relata. Seu ingresso na escola, uma instituição um tanto quanto tradicional, foi em uma momento difícil, pois ela substituira uma professora querida pelos alunos. Naturalmente, ao entrar uma nova “maestra”, as turmas se fecharam e não se entusiasmaram. Porém, aos poucos, com sua autenticidade, carinho e reinvenção no modo de conduzir as aulas, Juliana foi conquistando cada aluno, por meio de rodas de conversas, discussões, projetos e dinâmicas que envolviam toda a turma.


À MAESTRA, COM CARINHO

O envolvimento com os alunos ia além da sala, pois mesmo nos intervalos, ela gostava de estar próximo das crianças e adolescentes: lanchava nas rodinhas de amigos, conversava e até se arriscava em pular corda com a garotada. “Eu sempre me diverti com os alunos, nunca ficava na sala dos professores. É nesse momento que entra a minha parte observadora no ambiente escolar, de gostar de observar e entender essa humanidade. Fui para a sala de aula para compreender essa juventude”, complementa.

A sala de aula trouxe grandes mudanças para a vida de Juliana. Para os alunos não foi diferente. Lucas Brugnera era estudante do 8º ano quando conheceu a maestra. Hoje, com 18 anos, relembra como foi o primeiro contato da turma com a nova professora, há cinco anos:

“No início, nós rejeitamos ela. Para ser sincero, ninguém gostava porque ela entrou no lugar de uma professora que todos adoravam. Então, nas primeiras aulas, nós bagunçamos muito para provocá-la. Até que, aos poucos, ela foi nos conquistando e essas provocações foram perdendo o sentido, porque passamos a admirar e ter carinho por ela”.

Esse período também foi lembrado pela Juliana, durante a conversa no café: “Ah, o oitavo ano… uma turma que deu muito trabalho. Eu tive que me superar em muitas questões e ser criativa para conquistar cada aluno”.

Os relatos de Lucas foram realizados pelas redes sociais, por meio de áudios que narravam a história da maestra com a sua turma. Ao perguntar se haveria uma palavra que pudesse resumir quem era Juliana, Lucas disse: “Positividade. Ela sempre foi alto astral, nunca tinha tempo ruim”. Ele ainda comentou que o fato de ser uma das professoras mais jovens foi um fator que a aproximou dos alunos, por conta da empatia e paciência.

Todavia, durante a conversa no café, Juliana fez uma confissão inusitada sobre essa relação de proximidade com os alunos. Em meio a um sorriso largo e um gole de café, ela riu e indagou: “Acredita que eu não gostava de adolescentes? Foi na escola que passei a entender o universo dos jovens, que são o nosso futuro”.

Após dois anos de muitas descobertas enquanto lecionava crianças e jovens, Juliana decidiu parar de dar aulas para seguir novos rumos. “Foi como se eu tivesse contribuído o suficiente para o sistema educacional. Estar em sala de aula foi uma virada de chave, porque na faculdade foi o momento que eu via tudo acontecendo, não sendo protagonista. Mas, como professora, passei a compartilhar conhecimento e acabei encontrando um lugar de fala. Na época, essa era a minha forma de comunicação”.


“EU QUERO SER LIVRE PARA ESCREVER”

Durante a trajetória de Juliana, a comunicação esteve presente em cada fase, se manifestando de diferentes maneiras, de acordo com o contexto em que se encontrava. Inicialmente, a dança era a sua forma de expressão. Contudo, depois do acidente que quase tirou sua vida, a dança ficou de lado e as limitações de seus movimentos a fizeram observar e refletir sobre as relações ao seu redor. Com o tempo, os momentos contemplativos tornaram-se mais frequentes na sua rotina, ajudando na escrita, uma das formas de comunicação mais fortes em Juliana. “Eu quero ser livre para escrever”, reflete.


Juliana exala arte e poesia. Foto: Rubia Inomata

Com a mudança para Curitiba, ao lado de seu namorado, quando tinha 17 anos, surgiram oportunidades de vivenciar o clima da capital e de uma academia tradicional de ensino, a Universidade Federal do Paraná, onde realizou sua graduação de bacharel em Letras Português e Espanhol, com ênfase em Literatura. Esse ambiente repleto de cultura abriu suas perspectivas de mundo, tornando a escrita cada vez mais madura e intensa. Por meio do contato com cânones da Literatura, seu repertório se expandiu e sua criatividade estava à flor da pele.

Escreveu. E, como não bastava externalizar seus sentimentos em palavras, Juliana decidiu compartilhar os mais profundos pensamentos em um blog, criado em 2013, onde publica, até hoje, textos autorais que manifestam seu lado poético e artístico.

Sua publicação mais visualizada na página expõe relatos íntimos e pessoais de um dos momentos mais marcantes para Juliana: a maternidade. Esses relatos foram postados em julho de 2016, em seu blog, e revelam seus sentimentos durante a gestação:

“Bonjour. O maior medo de toda a minha jornada foi perder o domínio da minha vida, foi deixar que qualquer um tomasse meu tempo, que minhas horas fossem dedicadas ao outro. Sempre usei meu tempo para mim, sempre destinei meus sonhos ao meu ego. E agora sou despida do meu último apego, o meu egoísmo agora não fará mais sentido. Tudo o que há em mim será teu meu filho, nada mais me pertence.”

CAÊ: BEBÊ À BORDO!

Ao finalizar a graduação na capital paranaense, Juliana já estava namorando há oito anos e, com o apoio de seu namorado, estava determinada a seguir para o mestrado, por meio do programa de bolsas Erasmus Mundus da União Europeia. O objetivo era percorrer por Portugal, Espanha e França. Para isso, estudou os idiomas espanhol e francês. No entanto, surge uma gravidez inesperada.

Mudança de planos. Juliana retorna para sua cidade natal, Corbélia, se aproximando da família, tendo uma gestação com muitas conexões e autoconhecimento. No dia 8 de setembro de 2016, nasceu Caetano, carinhosamente chamado de Caê. “No momento que eu engravidei, não estava nos planos ser mãe. O Caetano me fez entender que eu não tinha controle sobre tudo. Essa foi outra grande transformação na minha vida, tive que mudar muitos aspectos porque agora existia uma criança que dependia de mim”, comenta Juliana.

Cada fase de sua vida possui uma inspiração diferente para suas criações poéticas. Dessa vez, Caetano se tornou a grande fonte para versos profundos e reflexivos sobre os pensamentos mais íntimos de uma mãe que descobria a cada dia o sentido da maternidade: “Cada movimento seu é uma respiração minha aliviada, eu sei que você está bem, eu sei que você sorri, que você é luz, amor que eu não pude ser, porque você já me fez melhor, já construiu um novo castelo um que eu não fui capaz. Hoje eu sou sorriso, apenas a alegria e a paz habitam aqui, não há preocupações, não há restrições, tudo mudou, o outono secou e ficou o inverno”, diz o texto publicado em seu blog. E, mesmo com o decorrer dos anos, seu filho continua sendo uma das inspirações para seus versos.

Nos primeiros anos de vida de Caetano, Juliana passou a notar peculiaridades no comportamento do filho. Foi então que descobriu o autismo. Com muito carinho, o lado maternal depositou ainda mais atenção e dedicação. Ela explica que busca observar como seu filho se relaciona com os demais e procura desenvolver todas as habilidades, principalmente as que Caê tem mais afinidade, como a música.

Hoje, com sete anos de idade, Caê demonstra frequentemente suas inclinações artísticas e a paixão por dinossauros. Caetano se diverte com brincadeiras de encenação de cenas de filme e, ao lado de sua mãe, exploram a criatividade. “O Caetano me mobiliza de diversas maneiras. Mesmo com a correria do meu trabalho, procuro passar mais tempo de qualidade com ele”, reflete Juliana.


Foto: Arquivo de Juliana Silva Muller

MÃE E PROFISSIONAL

A conversa no café já havia se estendido por três horas. Fizemos uma pausa breve e, ao retornar, perguntei: “Quem é a Juliana?”. Ela riu e olhou para cima, procurando uma definição para si mesma. Mas, como a vida já apresentou várias versões, resolvi reformular e perguntei: “Quais são as ‘Julianas’ que existem hoje?”. De repente, um estrondo. O garçom tropeça nas escadas e pisa em falso. Como se a dúvida e a dificuldade de Juliana em se definir, deixassem espaço para o suspense. “Gente, que tensão”, comenta Juliana. Risos. “Isso é muito cinematográfico”, completa.

O silêncio durou poucos segundos e as conversas paralelas retornaram. Ela respirou fundo e disse: “Hoje, prevalecem a Juliana mãe e a profissional”. As prioridades para esse momento em que ela vive, dialogam com os objetivos de proporcionar uma vida boa e segura para seu filho, além de poder compartilhar conhecimentos através da comunicação.

Esse desejo em partilhar vivências, se destacou na docência. Porém, Juliana encontrou nas redes sociais uma nova maneira de se comunicar, considerando as novas plataformas digitais. Atualmente, ela é social media, estrategista de marketing e storyteller, atendendo as demandas para as mídias sociais de seus clientes. “Tudo na minha vida é pautado na expressão e no lugar de fala. Depois de contribuir no sistema educacional, senti a necessidade de me expandir e procurar outro meio para me comunicar. Foi então que entrei nas redes sociais. Dessa vez, para falar com todo mundo”, elucida.

A busca por novos meios de diálogos é natural para ela, pois a cada momento de sua vida, o desejo de compartilhar e se expressar moldaram o seu destino: primeiro, na dança; depois, na docência; hoje, nas redes sociais; e, sempre, na escrita.

Independente da fase que esteja vivendo e mesmo na correria do dia a dia, Juliana não se sente completamente limitada a escrever seus textos. Esporadicamente, ela realiza publicações em seu blog, intitulado “Uma Musa sem Poeta”, criado na época da faculdade. O nome surgiu quando ela conheceu um poeta e, juntos, escreveram um livro de conversas poéticas. Contudo, seu parceiro de escrita decidiu não publicar a obra, fazendo uma proibição com o intuito de que ela não veiculasse nenhum verso de sua autoria. Porém, essa ocasião não a impediu de publicar suas próprias criações.


Da paixão aos versos. Foto: Rubia Inomata

O AMOR É…

O café, no qual nós estávamos naquela tarde de domingo para o bate-papo, foi o mesmo onde Juliana realizou o lançamento do seu primeiro livro, em 2021, intitulado “O Amor é Japonês”. A escrita, porém, iniciou em 2019, fruto de uma paixão por um homem japonês, ocorrido após o fim de seu relacionamento de onze anos. Os sentimentos dessa paixão foram intensos, como revela a introdução:

“Um livro que pode ser tão piegas quanto qualquer carta de amor ridícula, porque de fato tudo o que envolve a paixão nos deixa bestas, mas o amor em si, é a nossa maior ferramenta e mudança existencial”.

Ao comentar sobre o livro, com um sorriso largo e com as mãos apoiadas no rosto, Juliana disse entre suspiros: “Ah, o japonês…”. A narrativa descreve uma experiência amorosa marcante em sua vida, que, apesar de efêmero, inspirou seus versos mais poéticos. O japonês, por quem ela se apaixonou, vive a milhares de quilômetros distante de Juliana e, até o momento, nunca recebeu um exemplar físico do livro. Porém, ele já sabe da existência dessa eternização de seu relacionamento, tanto que ele a presenteou com um kimono, vestimenta tradicional japonesa, vindo diretamente do Japão, país onde ele atualmente reside.

Quando Juliana relata sobre sua obra, ela tira de sua bolsa o único exemplar que possui. Depois de retirá-lo, ela coloca sobre a mesa um pedaço de tecido que compõe o kimono, que é guardado carinhosamente junto ao livro, como se fosse a materialização de uma memória e de sua afeição pelo oriente.

Durante a conversa, ela conta que seu desejo é transformar o livro “O Amor é Japonês” em uma trilogia chamada “O Amor é…”, sendo que a sequência já está sendo escrita.

“O amor é plural, reticências e não cabe a uma experiência. O amor não cabe na imaginação de um poeta, o amor é livre, é onda quântica que nos acerta quando a gente menos espera. O amor nunca é morte, o amor é…”

Foto: Rubia Inomata

VERSOS POÉTICOS

Já se passavam das seis e meia da noite e poucos restavam no café. Antes de encerrar o bate-papo, decidi fazer mais uma pergunta: “Se você pudesse se congelar em algum momento da sua vida, qual seria?”. Em meus pensamentos, acreditava que, com tantas fases em sua trajetória, algum momento seria tão especial a ponto de ela querer viver aquele instante para a eternidade. Contudo, a resposta veio de imediato, como em um arrepio: “Nenhum! Deus me livre”. Me surpreendi e ela continuou entre risos: “Eu amo a transitoriedade. Jamais conseguiria! Nem gosto de congelamentos”.

A concepção que eu tinha sobre essa pergunta estava errada. Ou melhor, era o oposto. Pelo fato de Juliana, a menina crescida em uma pequena cidade no interior do Paraná, ter vivenciado tantas mudanças que transformaram sua vida, ela jamais preferiria parar no tempo. Como um vento, ela voou por diferentes ares, experimentou diferentes climas, se reconstruiu e se reinventou.

Juliana diz ter passado seus 30 anos de vida construindo a sua personalidade. Hoje, ela agradece por todas as viradas de chave que edificaram sua identidade: “Autoconhecimento é evolução!”, celebra.

Para o futuro? Não existe certeza. Ela, que não gosta de se limitar a simples definições, agora, com 32 anos, está em busca de realizações. E, como diria seus versos poéticos, em seu livro:

“O que eu sou já não o era ontem, se tudo me altera, então eu só posso ser uma nova eu a cada novo instante, e nisso não há exclusividade alguma.”

Beijos e despedida. Foto: Rubia Inomata


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